Paisagem e memória dos sentidos

Paisagem e memória dos sentidos

           Há inúmeras possibilidades de estudar a história local e fazer dela “ponte” para estabelecimento de relações com contextos mais amplos.
      Os modos pelos quais os sujeitos rememoram o passado do local onde moram, se dão pela rememoração de paisagens que, se ainda existem, sofreram modificações e/ou transformações com o passar do tempo.
       Assim, a memória se conecta aos sentidos, as recordações configuram vivências, experiências, sensações subjetivas que cada sujeito traz à tona no ato de recordar.
           Todo morador local, seja ele mais velho ou mais novo, é capaz de expressar suas apreensões sobre paisagens do lugar onde mora e essas apreensões expressam modos particulares de ver, pensar, refletir sobre o lugar, bem como, expressam dores, críticas, problemas e contestações vividas.
        Cada sujeito, ao recordar o passado local, também rememora sua ação sobre este último e as influências do local sobre sua vida.

A Progressista (antigo estabelecimento comercial do bairro, citado por moradores como também um espaço onde ocorriam programações de lazer e entretenimento.

  Fonte:BARROS, Deuzarina, Arquivo pessoal de fotos

       Nesse sentido, o morador do lugar é aquele que caminha por este lugar, que o decifra, realiza sua leitura sobre o bairro e, sem recorrer ao código escrito, escreve um texto.
        O morador habita o local e por este último é habitado, respectivamente, imprime sua marca enquanto sujeito transformador do meio, mas sofre com as transformações que ocorrem no local onde habita.

A rua “Ramal do D.M.E.R” em 1987 (uma das vias do bairro)

Fonte: Valente, Adélia. Arquivo pessoal de fotos.

A “Rua Ramal do D.M.E.R” na atualidade (via pela qual muitos alunos chegam à escola “Abelardo Leão Condurú”

Fonte: COSTA, Roberto. Arquivo pessoal de fotos.

      Assim, um bairro pode ser visto como um local de gerações, um lugar de memórias, espaço de relações de poder, de ações e transformações, de rupturas e permanências, cabe ao professor instigar seus alunos e alunas a perceber o bairro e “a partir disso” fomentar discussões que extrapolem a localidade do caminhar, dos atos, enfim, daquilo que ali é vivido.
        Uma das primeiras atividades, desenvolvidas com os estudantes participantes da pesquisa, consistia na leitura de um texto que apresentava meu modo de rememorar o bairro, a partir de memórias ligadas aos sentidos,  nascido após uma breve caminhada pelas proximidades de casa,  após a leitura do texto, alunos e alunas foram motivados a produzir seus próprios textos.
          Para ter acesso ao texto utilizado, clique aqui.

22 thoughts on “Paisagem e memória dos sentidos

  • Abril 20, 2023 at 1:48 pm
    Permalink

    Parabéns pelo trabalho, pela preocupação em trazer à memória o Carananduba antigo. Infelizmente as transformações, as interferências humanas nem sempre são benéficas ao local, ao patrimônio histórico, mas os registros trazidos por você são importantes para a valorização da história do nosso lugar.

    Reply
    • Abril 26, 2023 at 2:01 am
      Permalink

      Obrigado, professora Adélia! Sou grato por todo apoio que a senhora me deu nesta caminhada! Sinta-se a vontade para explorar o site e deixar suas sugestões, críticas e colaborações.

      Reply
  • Abril 26, 2023 at 12:09 pm
    Permalink

    Que trabalho lindo!!!!
    É muito importante resgatar e espalhar as memórias do passado para as futuras gerações, ver alguns problemas do passado como a falta de transporte e saúde pública no Mosqueiro que ainda são recorrentes na atualidade.

    Reply
    • Abril 26, 2023 at 12:31 pm
      Permalink

      Olá, obrigado por sua “visita”. Durante as atividades realizadas com os alunos, em especial quando utilizávamos jornais antigos, os alunos e alunas puderam realizar comparações, analisar e criticar a atual situação e os problemas que a ilha enfrenta. A intencionalidade da utilização do passado local em sala de aula era, não somente favorecer a preservação de memórias, mas incentivar os alunos e alunas a perceberem com criticidade o meio que os cerca.

      Reply
    • Maio 4, 2023 at 9:14 pm
      Permalink

      Excelente trabalho!
      Muito necessário como registro, valorização e reconhecimento de tantas histórias vivas (no sentido real da palavra).

      Reply
  • Abril 26, 2023 at 12:38 pm
    Permalink

    O trabalho no meu ponto de vista está muito bem elaborado, foi muito bom ter participado, principalmente das entrevistas, uma experiência excelente!
    Parabéns!!

    Reply
    • Abril 26, 2023 at 1:02 pm
      Permalink

      Oi, João Gabriel! Obrigado pela sua participação nas atividades, todo o resultado da pesquisa é reflexo também de seu interesse colaboração!

      Reply
  • Abril 26, 2023 at 6:14 pm
    Permalink

    Que trabalho Excelente! parabens prof Roberto por compartilhar conosco essa grandiosidade historica do bairro do Carananduba… Moro aqui a pouquissímo tempo…porem amo a ilha a cada dia 💗… fiquei muito feliz em conhecer um pouco mais dessa ilha maravilhosa…
    PARABÉNS nota 100000👏👏👏

    Reply
    • Abril 27, 2023 at 2:11 am
      Permalink

      Obrigado, professora Raimunda! Espero que o site possa ser uma fonte de informações sobre a história da ilha para a senhora!

      Reply
  • Maio 5, 2023 at 11:53 am
    Permalink

    Parabéns pelo trabalho professor Roberto Costa. É de extrema relevância para o aluno sentir-se protagonista de sua história e conhecer o seu bairro e suas peculiaridades é uma experiência maravilhosa.

    Reply
    • Maio 5, 2023 at 1:11 pm
      Permalink

      Obrigado professora! Assim como a senhora acredito que fomentar o protagonismo de alunas e alunas é extremamente necessário e assim fomentar a construção coletiva do conhecimento histórico escolar.

      Reply
  • Maio 5, 2023 at 2:06 pm
    Permalink

    Trabalho excelente. Parabéns, professor.

    Reply
  • Maio 7, 2023 at 7:12 pm
    Permalink

    Seu trabalho é mais que uma pesquisa, é a imortalização das narrativas, que acima de tudo, nos ensina sobre o passado, o presente e o futuro.
    Amei! Permita-me usar seu trabalho nas minhas aulas de Língua Portuguesa.

    Reply
    • Maio 7, 2023 at 7:32 pm
      Permalink

      Oi, professora Florência, fique a vontade para fazer uso do site e do material nele disponível e se possível conte-nos como será usado. Compartilhe sua experiência

      Reply
  • Maio 8, 2023 at 10:25 pm
    Permalink

    Parabéns meu amigo!
    Fazer memória da nossa origem é valorizar nossos antepassados e contribuir para que essa história não se apague nas próximas gerações. Sou grata a Deus por ter vivido quase toda minha vida no Ramal do DMER, desde quando ainda era…verdadeiramente um ramal com acesso apenas de um caminho conservado pelo meu pai Diogo Cardoso.
    Ainda recordo dos difíceis acessos para pegar o Beira-dao para ir a Belém..Belas recordações! Vc foi muito feliz em mencionar esse linda história. Te amo meu amigo!
    Seja muito feliz sempre!

    Reply
    • Maio 8, 2023 at 11:07 pm
      Permalink

      Olá, professora e amiga Márcia, obrigado por sua “visita”! Essa sua memória sobre o bairro pode ser contada aqui no site, com mais detalhes, no espaço “Memórias do Local”.

      Reply
      • Maio 8, 2023 at 11:25 pm
        Permalink

        Muito bom esse trabalho! Meus avós têm muiiitas histórias. Espero poder saber mais sobre a história da Ilha através da página.
        Parabéns Roberto!

        Reply
        • Maio 9, 2023 at 12:51 am
          Permalink

          Obrigado, Leilane!
          A intenção é também “falar” de outros locais da ilha.

          Reply
    • Maio 8, 2023 at 11:52 pm
      Permalink

      Excelente trabalho, prof., parabéns.

      Reply
  • Junho 15, 2023 at 12:33 am
    Permalink

    Parabéns pelo seu trabalho. Imagino como é trabalhoso desenvolver tudo isso. Espetáculo!

    Reply
    • Junho 18, 2023 at 1:48 am
      Permalink

      Obrigado, a intenção é continuar trabalhando !

      Reply

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *