BNCC e o ensino de história
Apesar das críticas que a BNCC recebe de estudiosos, professores e estudantes e mesmo que tal documental não reflita de modo integral o conjunto de necessidades e aspirações de estudantes de diversas partes do país, não se pode descartar o fato de que aquilo que é preconizado pela “base”, impele as redes de ensino a um novo modo de se fazer o Ensino Fundamental que se distancia de moldes e parâmetros tradicionalistas educacionais.
Nesse sentindo, o ensino de História, partindo daquilo que BNCC apregoa para os anos iniciais do Ensino Fundamental, volta-se ao estímulo da autopercepção dos sujeitos, no que se refere à historicidade de si, o mundo pessoal dos discentes (crianças) e a compreensão de sua inserção em seus grupos sociais como, por exemplo, a família, a comunidade, a escola, o bairro, a cidade e o munícipio.
Num movimento que vai do micro ao macro, num processo gradativo de ampliação de escala, considera-se o nível de desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida escolar e aquilo que se pode ou deve ensinar em termos de conhecimentos próprios da disciplina em questão.
É interessante perceber que as competências específicas da área de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental, traçam um caminho a ser seguido, no que tange à construção de uma postura e, também, de uma atitude historiadora a ser assumida pelos discentes, o que pode ser sentido e percebido na escolha dos verbos presentes em cada uma das competências descritas na BNCC: “compreender” (a si e ao outro), “analisar” (o mundo social), “identificar”, “comparar”, “explicar” (a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade), “interpretar” e, por fim, “construir” (argumentos e conhecimentos).
Dessa forma, ao compreender este caminho, torna-se mais simples e justificável defender a ideia de que a vivência de experiências de ensino e aprendizagem relacionadas à história local se fazem necessárias e importantes para o desenvolvimento das habilidades da área de Ciências Humanas, ou seja, o “local” pode e deve se fazer presente não somente nos anos iniciais, como também, nos anos finais do Ensino Fundamental, quando os estudantes já apresentam maior capacidade de abstração e de compreensão de conceitos históricos.
A utilização de fontes de naturezas diversas, (objetos, pinturas, musicas, documentos, depoimentos, etc.), proposta na BNCC, revela-se como ferramenta para desenvolver as competências específicas da área de Ciências Humanas, como um instrumento para o ensino de História. Além disso, o referido documento orienta para a importância de que estas fontes relacionem-se com os ambientes por onde circulam os estudantes, que sejam obtidas no “local”, que reflitam este local, para que alunos e alunas percebam a historicidade daquilo que é comum aos seus olhos.
Enfim, o estudo da história local, pode auxiliar discentes a compreenderem objetos do conhecimento próprios da etapa de ensino em que se encontram, ao mesmo tempo, que fomenta o interesse e a percepção da historicidade de si, do bairro onde moram, das pessoas comuns que fazem história no dia-a-dia, propiciando assim a identificação com o local, favorecendo a construção de um sentimento de pertencimento, ao mesmo tempo, que possibilita aos indivíduos o auto reconhecimento como agentes históricos.
Para ter acesso a BNCC, clique aqui.